Você precisa ter confiança nas informações que têm.
O mundo do parto traz diversos conteúdos e a importância de reconhecer e aprender de acordo com as que são baseadas em evidências científicas. Mas, somente isso NÃO basta para tranquilizar e fortalecer a gestante.
A mulher precisa sentir confiança e segurança em como essas informações chegam. Às vezes, o modo como acontece fragiliza e mina qualquer informação já adquirida. E isso acontecendo é o suficiente para ficar vulnerável na hora do parto e mais propício a viver uma violência obstétrica.
Hoje, acolhi uma história que muito me lembrou a minha. De como ter informação não construiu confiança e nem evitou sofrimento na hora do parto. De quando, a muito tempo atrás busquei informações de qualidade para ter confiança e coragem para ter o parto normal e evitar sofrer qualquer tipo de violência obstétrica.
Mas, após 7 anos consigo dizer aquilo que a muito já pensava e senti na pele. A minha violência começou antes mesmo de ter parido. E o que muitos pensam que só o médico faz, doce engano. O movimento de apoio ao parto na época da minha gestação também contribuiu, quando “as informações baseadas em evidências” eram empurradas goela abaixo para uma gestante. Parecia mais briga entre movimento do parto e médico para quem dizia a verdade. Ou seja, a rincha era gigante!!
E tudo isso só me deixava mais confusa. Era assim que me sentia a cada dia que tentava me empoderar. Era conhecendo e amando o que estava descobrindo, mas em seguida era susto em cima de susto aliado ao medo quando via a forma como algumas pessoas se reportavam no grupo sobre as histórias de outras mulheres.
Lembro que depois do Davi nascer, ter saído de todos os grupos que participava e de diversas vezes conversar com as minhas colegas de trabalho no Centro de referência da mulher sobre esse movimento radical. E era nesses debates e diálogos com quem me sentia segura para desabafar, se não me engano foram as únicas que conversei sobre na época. Olha que interessante, foi com profissionais e parceiras de trabalho no serviço de violência doméstica que me senti protegida para falar minha história.
Enquanto, que era o BUM as grandes rodas de gestantes na cidade de Fortaleza. Mas, na época da minha gestação só consegui participar de uma promovida pela Unimed, se não me engano, e a convidada era minha obstetra. Eu não conseguia sair de casa para participar das rodas de gestantes promovidas pelas doulas. Pois, o que observava pelo mundo dos grupos virtuais era o suficiente para correr léguas, mesmo sabendo que o assunto promovido por elas trazia conhecimento. Só que não gostava nenhum pouco como era abordado.
A minha mente inquieta dizia: As doulas fazem o mesmo que os médicos. Tutelam e impõem o “seu modo certo de parir”. Eu achava, por exemplo, que ia ser massacrada se dissesse quem era meu médico ou se falasse como queria parir. E diversas outras percepções que me assustavam.
Hoje, entendo tudo que passei e depois que me tornei Doula compreendi melhor o movimento radical que existia. O suficiente para saber que era normal ter me sentido acuada e assustada em entrar num movimento que lutava por espaço. Pena, que isso tenha custado dores em algumas mulheres. Como foi comigo, e outras que cruzaram o meu caminho.
E foi após, todo esse movimento de releitura que consegui me dedicar e querer estudar sobre o mundo do parto. Quando já havia arrumado as minhas percepções e de como gostaria ser acolhedora de histórias maternas.
Por isso, digo que só consumir as informações corretas não é o suficiente para evitar violência obstétrica e a garantia do parto desejado. É necessário o apoio certo e que consegue acalmar as inquietações, esclarecer as dúvidas e fortalecer as escolhas.
Assim, possibilitando que o empoderamento aconteça de forma efetiva para construir uma memória afetiva e sem traumas do parto.
Bjitos!!