Maternar Eh

Em busca da maternidade “equilibrada” surge o sentimento de impotência, pois a trajetória em se tornar mãe é um caminho que passa entre a lucidez e o adoecimento. Muitas vezes o romantismo materno ou a construção do ideal perfeito dificulta para uma experiência consciente que consiga compreender todas as facetas da maternagem.

A expectativa é vivenciar uma felicidade constante, mas existe o cuidado com o bebê que demanda muita atenção e ainda têm o excesso de informações que dificultam a conexão mãe-bebê e colaboram para a mulher transitar entre a desorganização emocional.

E para encontrar um padrão que se ajuste a realidade da mãe o caminho pode ser o adoecimento mental. Quantas mulheres se desorganizam psiquicamente em decorrência da maternidade?

Diante desta pergunta eu recordo!

As diversas mulheres durante a gravidez, no puerpério, as sem rede de apoio ou as que estão num relacionamento abusivo e muitas outras mulheres. Transcenderam, chegaram ao limite, adoeceram e estão com o seu emocional fragilizado.

Alguém já escutou um relato: – “Aquela moça é louca, ficou assim depois do parto”. Bom, caso não tenha escutado saiba que é bem comum esse contexto. E gostaria de dizer que foi o que muito escutei em diversos atendimentos realizados nos serviços públicos que trabalhei.

Neste momento, lembro-me de uma jovem que compareceu ao serviço desorientada. Já havia caminhado bastante e sua fala era bastante desorganizada. Um trabalho árduo que demandou empatia e uma escuta atenta para compreender o seu contexto. Conseguimos realizar o seu retorno ao lar e nesta experiência descobrimos que seu transtorno foi desencadeado após o nascimento do filho.

Por essa história passa diversas possibilidades: uma depressão pós-parto, uma psicose puerperal ou tantas outras que apenas um acompanhamento adequado seria capaz de compreender o sofrimento.

Portanto, precisamos refletir. Como a mulher está vivenciando a maternidade? Sabemos que irá se deparar com mudanças hormonais, culturais e subjetivas. Sentirá vontade de gritar, chorar, conversar e seu corpo irá demonstrar todos os sintomas para informar sua tristeza e felicidade.

A mulher não será a mesma. Terá momentos de confrontos, organizações e aprendizados. Deixará ir o que não serve mais e receberá o que ainda nem sabe o que vai tornar a ser.

É um mundo novo. Surgem alegrias, angustias e sofrimentos. Um encontro com sua própria infância. É uma mistura fisiológica e subjetiva que irá transitar entre a lucidez e a loucura na busca de uma experiência única e equilibrada da maternidade.


1 comentário

Como sentir alívio diante do cansaço materno? - Maternar Eh · 21/04/2022 às 17:35

[…] do quanto que está apertado. Como a mente, que tanto borbulha. Capaz de ficar dias vivendo grandes explosões de caos, mas a cada dia se dando conta que algo é preciso ser […]

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